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Amaz​ô​nia Underground

by Thiago Thiago de Mello

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1.
(Thiago Thiago de Mello/ Edu Kneip) -- Pelo Xingu Nas águas que escondem a surucucu Vem dois apapás e um pirarucu Levando barcaça de flor de bambu Com uma criança nas sombras da luz Da imensidão da floresta Inocente viajante das relvas Astronauta, o iluminado das selvas Colateral Amálgama tétrade sensorial A gênesis certa da flora coral Anunciação do menino real Com dedo na cara apontado por Deus O vento da última fresta O arcanjo que devora os demônios Homem fogo, fiel às palavras de Antônio E ele cresceu Entre pândegos de caçadores Cores do mal Ele acendeu Para o mais forte dos reatores Perpetrando as derrotas dos homens, seus perseguidores Lenda se faz Pelos olhos da eternidade Era uma vez Pelos murais Das espécies parindo seus pares Ele reina pintando as paúras dos reis dos palmares Quem é ele? Deus dos Olivares Mestre dos Alvarez Máxima de Antares Basta de clamares
2.
(Thiago Thiago de Mello/RenatoFrazão) -- Inhambu piou Seu pio de agouro Na capoeira do Andirá E aluou Lá no sumidouro A guerreira cunhatã Naia Mirou Jacy No espelho do rio Estrela do lago A lua no igarapé E a maraí No agouro do pio Agora flutua,é aguapé Queria ser estrela Da grande morada de Jacy No cairé para acendê-la No Catiti ter de escondê-la Muito mais bela do que Guaracy Virou Naiá Estrela do lago Rainha dÁgua Mumuru Quem ouve lá O som aziago Adivinha a língua nhemgatu Sonhando foi na beira Se atirou no rio Curimã No piçaié roda faceira Iané-pituna a vida inteira E ver de perto o raio de Tupã Todas as lendas Diz o Pajé Abrem a senda Pro que se é Por isso aprenda
3.
Mãe do Rio 04:41
(Thiago Thiago de Mello) -- Filha de Boiúna Com Sucuriju A índia Tikuna Mana de Norato É a Boiaçu Um bicho do mato Faz alumiar A cobra de fogo Não dá desafogo Quando é o Boitatá Fera d`água Mãe do rio Bicho arredio Vira embarcação Monstro faz rastro Na praia Vive de tocaia Pelo beiradão Dois “óio” de chama Feito Anguery A maldosa dama Cria de Visagem É a Sucuri Bem na outra margem Tem um fogaréu Navio Encantado Um ser desalmado Vermelhando o céu Fera d`água Mãe do rio Bicho arredio Vira embarcação Monstro faz rastro Na praia Vive de tocaia Pelo beiradão Luz que a água não apaga Escuridão que a terra traga Embaixo do altar de Maria Mãe do rio se escondia Inventando a noite e o dia
4.
(Thiago Thiago de Mello) -- Mania, paixão ou vício: de sangue ou do coração. Água limpa destilada, preferência da nação. Bagaceira, baronesa, birinaite, braba, briba. Brasileira, azulina, óleo, otim, penicilina. Quantas mil cabeças te sonham água? Aquela que abre-bondade, abre-coração. Água benta, água branca, aguarrás. Aquela-que-matou-o-guarda, a filha-do-senhor-de-engenho, Água pé, água pra tudo, teimosia, tira-teima. Azulzinha, à deriva, a marvada, pindaíba, orangange, péla-goela, meu consolo todo nela. Quantas mil cabeças te sonham água? Água-que-gato-não-bebe, a do ó; Cem-virtudes, tome-juízo, aguadeiro. Concentrada, calibrina, caravana, cascavel. Samba, uca, venenosa, santa, pura, vai pro céu. Mamadeira, fruta, grogue, engenhoca, elixir. A que incha, pinga mansa, pitianga, caxixi. Quantas mil cabeças te sonham água? Aquela-que-apaga-tristeza, água-bruta ...que-passarinho-não-bebe, aguardente.
5.
A Onça 03:04
(Thiago Thiago de Mello) -- A suçuarana rugiu na ribanceira do rio Nem acauã fez pio Na castanheira gente sentiu tanto arrepio A onça pintada É uma pessoa encantada Quando atravessa o caminho De um caçador que vai sozinho E erra o tiro quando vai matar Foi o curupira a gargalhar A suçuarana sabe a natureza de cor Dos bichos sente dó Na sumaúma deixa os inimigos sem cor A onça pintada tão temida e venerada Na imaginação do ribeirinho E do balador de passarinho O esturro da fera vai roncar Tem bicho lá fora a ronronar Enfeitiçada Onça-boi Pele rajada Caçada foi Onça cabocla A onça preta Mata com a boca Onça maneta Sai da caverna Pula no rio Fera sem perna Te desafio
6.
(Edu Kneip e Thiago Thiago de Mello) -- Temque acreditar. Não é lenda, eu vi: tem no bucho uma boca o Mapinguari. Esse assoviar dá medo sem fim: na trapaça, de tôca lá vem Matim. “Não tem fumo, não! A cachaça na cuia ‘cê pode levar”. Quanta confusão esses seres da mata me fazem passar! O tempo fechou, pronto me perdi. Curupira, devolva o meu tipiti! O boto boiou. Não tem candiru. Me encantou doce o canto do Uirapuru. Me contou Saci quando a Mulher de Branco vem me visitar. Deixa o sol sair, e o fantasma de um homem vem me atazanar. Bicho na espreita na margem direita do rio se estreita pra me alucinar. Não foi boiúna, nem índio Ticuna. Não foi Tupã, esse talismã. Nessa viagem eu vi a visagem, avessa à paisagem, pairando no ar. Esse segredo não é arremedo. Eu juro tão cedo jamais duvidar do que há! Noite trovejou. Fez brotar a fé quando o Velho Caboclo puxou meu pé. Rede desatou. Foi coisa do cão. Eu desabo nas águas da escuridão. É melhor rezar para São Benedito minhas preces ouvir. Para me salvar, mas se vivo aflito, prefiro fugir. No Eldorado, destino sagrado, vi, enluarado, o Jurupari. Na correnteza deixei a certeza de nunca crer no que não se vê. E acreditando fui relampiando, me desafiando a poder enxergar. Esse segredo não é arremedo. Eu juro tão cedo jamais duvidar do que há!
7.
(Thiago Thiago de Mello/Thiago Amud) -- Você não é linda Você é a própria beleza de tudo que existe Não pode haver isso Isto que agora é seu colo, é seu rasgo, é seu riso Você não é isto Um corpo que agora se move, se joga, se tolhe Na certa há de ser outra coisa: uma ideia, uma cifra O anúncio de uma primavera Primeira corola entreaberta A fim do orvalho que lhe molhe Você não existe Porque se existisse faria uma guerra de Tróia E o pacificado sertão quedaria coalhado do sangue dos machos Você aí se evolaria rajando o infinito E os olhos do mundo arderiam de constelações impossíveis Não pode haver isso Isto que agora é seu beijo, é seu medo, é seu visgo Jamais a beleza cairia na terra Virando meu tino Com tal violência Você, criatura, é um tapa Uma lapa de desinocência Que um nume bendito maldito bendito Verteu sobre mim feito essência Guardada no último cântaro E me iniciou neste rito De ver a beleza de frente Com olhos de crente Você quando existe É lua vermelha é gorjeio de ave alumbrada É ouro de abelha é leite jorrando de pedra É ciclo é ninhada Maré montante do meu sonho Nó cego, eixo do destino (Não posso ver isto) Menina, seu rosto encantado Se existe, sou eu que inexisto: Caí na caldeira do Outro Beijando o coração do Cristo
8.
(Diogo Sili/ Thiago T. de Mello) -- O cricrió Na friagem Do igapó Anunciou E a paisagem Pretejou Anoiteceu Na cabeceira Desceu do céu A cabeleira Um urutau Trinou o seu canto mau Anhangá Vai te assombrar Jurupari Vai te engolir Cururu Vai te pegar A anguêry Contigo sumir Chama o Pajé Na vertigem Do inhambé Sai coisa ruim Sai visagem Sai de mim
9.
(Thiago Thiago de Mello) -- Eu sou aquele que ninguém queria ser Mas não me incomodo se você não vê Que minha alma está longe dos mercados E que meus modos valem símbolos sagrados. Não quero ser mais a última tradição Nem o novo fetiche da modernidade. Só que se respeite quando eu digo que não, Que meu chão não é o que se pisa na cidade. Sou antigo, e persigo ainda vivo como lenda, que não deixa de fazer sentido. Eu me procuro, mas perder-se é decisivo Pois só se encontra quem um dia foi perdido. A minha velha casa hoje é um museu Que é lugar dos mais doídos desatinos Mas pajé antigo, que nunca será seu, Não deixa de ter um pra ter muitos destinos. Quando o igarapé desemboca no igapó Eu remo o casco e ele não me leva à esmo A minha solidão nunca me deixou só por isso quase sempre fui eu mesmo
10.
(Edu Kneip/ Thiago T. de Mello) -- Quem não tem a própria voz Vai imitar alguém Pra desatar o não e os nós Ir além Se não se encontrar a sós Nunca vai ser ninguém OHomem será meroalgoz e seu refém Sempre vão lhe comparar Com outro alguém Quem não tem a própria luz Às vezes fica sem o brilho, apenas se transluz Vive aquém Quem a vida não conduz A morte um dia vem Perecerá na mesma cruz Com seu desdém Pra sempre permanecerá Depois do Além A natureza tem Um bicho que traduz O vaivém dos pássaros O regonguz O capitão do mato As araras azuis De peito estupefato Ele tudo transmuz Lá vem o japiim O japiim-xexéu Que zomba lá do céu A caçoar de mim Quem não tem o próprio som Faz que nem japiim Mas reverbera o que é bom Diz que sim Quem não tem o próprio dom É meio assim, chinfrim Canta fora do tom Em mandarim É melhor se transformar Num beleguim Quem não sabe onde é a foz Ou o manancial SóVive perdidono atroz do banal Quem não nasce pra albatroz Há de viver pardal Mas se não for bichoferoz Será mortal Vão na certa lhe atirar Num matagal A natureza tem Um bicho que traduz O vaivém dos pássaros O regonguz O capitão do mato As araras azuis De peito estupefato Ele tudo transmuz Lá vem o japiim O japiim-xexéu Que zomba lá do céu A caçoar de mim Danado passarim A caçoar de mim (maior zoeira!) Num zumbido sem fim Faz que nem japiim

credits

released March 22, 2017

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Produced, recorded & mixed by Olivier Glissant at Blacksalt Studio
Associate producer: Stuart Deutsch
Mastered by Andreas Meyer at Meyer Media
Photographs by Valdir Cruz
Album cover art: Olivier Glissant

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Thiago Thiago de Mello Rio De Janeiro, Brazil

Background photo:
Valdir Cruz

Music published by:
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